“versão palavra”
de Rubens Mano
Curadoria: José Maia e João Terras
A inauguração contou pelas 17h com uma conversa entre o artista, curadores e o público.
“versão palavra”
espaços costumam ser definidos e atravessados por corpos…
e assim como anteparos, barreiras e paredes, podem também alcançar um tipo de materialização a partir de palavras, sons, e imagens. espaços, corpos, paredes, palavras, sons e imagens apresentam-se então como esferas constitutivas de um campo sensível à construção… um território passível de ser visibilizado em função da presença, movimento, ou inscrição do que o define e atravessa.
ações artísticas igualmente formulam a manifestação de espaços, e carregam [enquanto corpo simbólico] a memória de distintas experiências incidentes e necessárias para sua instauração. por outro lado, ao não se resumir a objetos, ou se confinar em um universo particular, o trabalho de arte franqueia acesso para sua constante e expansível elaboração, acionado tanto por quem o concebe e formula, como por quem o ativa a partir de distintos graus de apreensão e envolvimento. esta condição permite uma reflexão quanto aos limites da noção do trabalho de arte, e de como tal alcance se alarga e expande ao articular encadeamentos amparados por uma “instância narrativa”. principalmente ao pretendermos e estabelecermos paralelos entre ações passadas e processos atuais baseados no ‘desvelamento’ de “imagens e memórias” [pessoais e coletivas].
“versão palavra” instala-se neste âmbito, ao se valer da transposição para a maior parede do espaço expositivo, do relato de uma experiência artística – “visible” – realizada ao longo de 2005, em uma zona fronteiriça entre o México e os Estados Unidos da América do Norte. além de “s/ título” [versão narrada _ visible], o texto transcrito em grafite para a parede, a exposição conta com mais 2 trabalhos: o vídeo “s/ título” [versão expressa], também de 2019, e um objeto em silicone – “s/ título” [vale lo inscrito], de 2012.
no contexto destes trabalhos, a narração surge como ‘fluido’ necessário para mobilizar distintos processos da constituição de imagens e espaços… convocando-nos a considerar, a partir de dinâmicas que se conectam à palavra como uma ‘cápsula extensível’, possíveis reverberações das ações. consequentes ‘desbordamentos’ que definem o alargamento da superfície visível do trabalho de arte, vinculando-o às frequências de incidência e mobilização de nossos corpos…
Rubens Mano
Apoio: Criatório / CMP