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49ª Conversa sobre projetos fotográficos | Mariana Marcelo | Simão do Vale Africano

6 Abr, 2022

49ª Conversa sobre projetos fotográficos | Mariana Marcelo | Simão do Vale Africano
Realizamos mais uma conversa sobre projetos fotográficos que integraram o festival MIP_OFF – MÊS DA IMAGEM DO PORTO.
Na sessão desta quarta-feira, Mariana Marcelo apresentará o projeto “Desbotar” que se concretizou em diferentes ruas do Porto e Simão do Vale Africano comentará o projeto “self-less self-portraits” que esteve exposto na galeria CRU
A sessão do dia 6 terá como tema estes projetos que terão transmissão direta:
Facebook: LIVE da página do MIRA FORUM e na plataforma ZOOM
Entrar na reunião
https://us06web.zoom.us/j/82895537922
ID da reunião: 828 9553 7922
|não é necessária password |
Desbotar
“A brisa percorre o meu corpo e sinto. Sinto-a tocar suavemente a minha pele. Sinto-a confiante a dançar com os meus cabelos, que esvoaçam ao sabor da velocidade a que ela passa. Sinto-a, dentro do meu corpo, entrar nas minhas veias, nos meus órgãos, na minha mente. Durante esses momentos sinto-me leve, como se pairasse sobre a terra, sem preocupações nem tristezas. Mas a brisa é breve e foge, como que assustada, levando com ela a leveza que acalma a escuridão que habita em mim. À brisa desvanecente agarra-se a minha essência, o meu ser, a minha identidade, e perco-me. Perco-me pelas ruas da cidade. Perco-me rapidamente nesta metrópole oscilante, emissora de tantos ruídos. A minha essência esfuma-se entre becos e ruelas, algures, entre sítios e não-sítios. Ao deambular pela cidade que me consome, por vezes lá encontro os fragmentos de mim, pedacinho a pedacinho, mas rapidamente desaparecem… como se se cansassem facilmente de simplesmente estar.
Este projecto visa evidenciar e confrontar a vida do ser humano que ao habitar uma cidade se desabita de si próprio. Fala, por isso, sobre perda de identidade e o desvanecimento da essência que nos faz ser quem somos… ou, pelo menos, quem poderíamos ser.”
self-less self-portraits
poderia ser uma obsessão voyeuristíca e vã em reconhecer nos traços de alguns animais, que simbolicamente emergem na grande história literária, inclusivamente bíblica, detalhes intensivos de humano. Será provavelmente isso tudo, não obstante, é, sobretudo, um ensaio fotográfico existencial, especular e, portanto, quase biográfico.
Ou como nos confessa Simão do Vale Africano: «breve reflexão sobre como o espaço pode ser ocupado por algo completamente nosso (na sua existência simbólica e sedutoramente retorcida) e, ao mesmo tempo, ser privado de qualquer traço humano que nos possa lembrar a ideia de retrato».
self-less self-portraits convoca-nos a um olhar outro sobre um dos géneros mais tradicionais da fotografia — o retrato — que, aqui, se torna o médium por excelência de transmutação dos traços afectivos mais essenciais do humano.
Assim, «com aquela distância de que a percepção gosta para se chamar imaginação, os traços realistas dos animais são símbolo pessoal e intransmissível de algo em nós que pode correr mal».
Correr mal ou, como quem diz, mergulhar nas profundezas sórdidas da (auto)ficção.
NOTAS BIOGRÁFICAS
MARIA MARCELO
O meu nome é Mariana Marcelo e moro em Lisboa. Licenciei-me em Teatro na ESAD, em Caldas da Rainha. Estive em Londres para perseguir a minha carreira como actriz, mas devido a complicações exteriores, voltei para Portugal onde me levou a prosseguir o meu interesse dentro da área de Fotografia, inscrevendo-me no curso profissional de Fotografia no Instituto Português de Fotografia (IPF) em que faço parte actualmente.
SIMÃO DO VALE AFRICANO
Em todos os dias que passam, Simão do Vale Africano morre um bocadinho, dorme ainda menos e sonha o que der. Acorda tarde e mal-disposto, mas vai melhorando os estados de humor com o passar das horas. Talvez por ter crescido numa casa de loucos, nutriu-se de humor, beleza e um certa falta de sentido das conveniências, armas eficazes contra a tragédia.
Habitou o teatro desde muito cedo, mas aquela que parece ser uma incursão recente na fotografia, resulta de uma antiga reflexão sobre a captura do tempo ou a materialização visual do nosso processo de percepção.
Com Shakespeare a puxar de uma lado e Henri-Cartier Bresson do outro, encenar e fotografar intersectam-se num certo modo de compor um quadro, de criar um ambiente e também de existir. Cria espaços eminentemente narrativos – sem serem necessariamente diegéticos – onde luz e cor são moduladas e cuja apresentação requer uma qualquer e imprescindível distância. Não nos convida à interactividade, mas sim à contemplação.
Há alguns anos, imaginou o presente que está hoje a viver, pois é para si certo que a liberdade se compra com imaginação. Considera que uma certa dicotomia pessoal – que se estabelece entre o impulso imanente da imaginação e o escrupuloso domínio técnico – está no cerne do seu trabalho criativo.

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