Na sexta-feira, 20 de setembro às 21h30 no MIRA FORUM foi a apresentação do primeiro número dos CADERNOS DO
Ephemera:
“EPHEMERA, EM REDOR DE UMA PALAVRA GREGA”
da autoria de Maria Mafalda Viana
Sobre “EPHEMERA, EM REDOR DE UMA PALAVRA GREGA”
“A palavra ephemera, que podemos reconhecer de imediato, apesar da sua grafia com um ph, não contemplada na nossa ortografia desde 1911, tem atrás de nós um lastro de muitos séculos na Europa, em número que não é já da ordem das centenas. Em tempos mais modernos, ela passou a ser igualmente reconhecida em outras paragens do globo, ainda mais a Ocidente, para onde entretanto migra também necessariamente um conjunto de mitos entre os quais está o do fortíssimo Atlas, um velho Titã, filho de Jápeto e de Clímene. Aí, agora mais a Ocidente, onde o ph também é gente, sustentará ainda às costas a vasta abóbada celeste, consequência de um velho castigo infligido por Zeus, cujo então novo poder ameaçara.”
Excerto do Caderno do Ephemera número 1, de Maria Mafalda Viana.
Apresentação de “Banquete” de Platão, tradução, ensaio introdutório e notas de Maria Mafalda Viana, prefácio de José Pacheco Pereira
Sobre o livro e a tradução
«O enredo da discussão sobre Eros no Banquete é um dos fundamentos da cultura ocidental, que, mesmo temperada pelo elemento judaico-cristão, em muitos aspectos mais oriental, permanece assente no solo greco-latino. A intervenção de Sócrates (e, sejamos justos, de todos os outros convivas) interpretando Eros como uma relação, uma carência, um desejo, entrou no discurso sobre o amor, que é um dos discursos com maior continuidade da nossa história cultural e filosófica, e chegou mesmo à mais vulgar conversação e escrita. Hoje, dir-se-ia ser viral, se esta expressão não retratasse mais a ignorância do que o saber, embora talvez Sócrates, que gostava da fama, não se importasse.
O modo como o diálogo nos chega na tradução de Maria Mafalda Viana justifica a frase proverbial ‘primeiro estranha-se e depois entranha-se’, porque se percebe que esta tradução do original nos dá um Banquete muito diferente daquele que conhecia. Mais estranho, mais complexo, mais grego. E, por isso, novo.»
Do Prefácio, José Pacheco Pereira
Sobre os CADERNOS DO EPHEMERA
“Quando pedimos à Mafalda para fazer uma pequena “conversa” sobre a palavra EPHEMERA, e à volta dessa palavra na tradição ocidental, em particular na tradição greco-latina, a Mafalda fez aquilo que é o embrião, o rascunho, deste primeiro Caderno, com que iniciamos uma nova Colecção de cadernos de trabalho que complementam a coleccção EPHEMERA na Tinta da China.
A ideia é que estes cadernos, que não têm dimensão para ser livro, e que são o resultado do trabalho de todos os nossos amigos e voluntários, e que incluirão reportórios, inventários, publicação de fontes, transcrições e pequenos ensaios, possam também ser colocados ao dispor de todos. Pensámos que a melhor maneira de inaugurar a colecção, era exactamente com este ensaio da Mafalda
Viana.”
Do Prefácio, José Pacheco Pereira