Arquivo, espaço e memória | conversa no MIRA FORUM

Arquivo, espaço e memória | conversa com Betina Juglair e Flora Paim
Betina Juglair e Flora Paim frequentaram o MIRA no início do verão no contexto de uma residência artística da iniciativa do programa Residir do Espaço Lameiro.
No dia 2, quinta-feira, pelas 21:00 as duas artistas vêm conversar sobre o seu processo de trabalho e abordagem da comunidade ligada ao antigo Bairro de S. Vicente de Paulo em Campanhã.
São muitas as razões e as questões que tornam esta sessão particularmente estimulante:
– que desafios se colocam a quem quer trabalhar com uma comunidade a que não se pertence?
– quais são os problemas/resistências a esta abordagem?
– o que distingue o processo criativo neste contexto e noutros?
– quais as opções na produção e apresentação dos trabalhos?
– que balanço se pode fazer do projeto?
… e tantas outras que vão aquecer o serão! As duas artistas trarão parte das suas instalações que faziam parte da exposição realizada em Outubro.

“Fátima, José, Vicente”
Betina Juglair
Dimensões variáveis. Técnica mista, estampagem de fotografias sobre tecido, intervenções com corte, linha, tecido, alfinete, agulha.
Dimensões da estrutura: 1,80m x 1,20m e 1,80m x 3m (altura e largura). Plástico, tinta spray, concreto.
Este trabalho nasceu da perceção das profundas feridas que habitam o bairro São Vicente de Paulo através do contacto com Fátima e José, antigos moradores, e de suas fotografias no contexto do bairro. Os álbuns de família são repletos de histórias e vivências, bonitas e amargas, que se chocam com o aparente vazio do espaço que ainda sobrevive. As fotos de família de Fátima e José foram postas em relação umas com as outras e também com as várias temporalidades do bairro, desde a sua construção até à atualidade, criando um trabalho sensível em que o próprio bairro é personagem.
A partir da estampagem destas imagens em tecido, trabalhei com outras cores, padrões, brinquei com opacidade e a translucidez de tecidos, com linhas e cores conectando memórias numa instalação que remete a um varal (estendal). Assim, aspetos da intimidade e da vida privada se dão a ver em um objeto de tipicamente doméstico, de uso comum, agora expostos a mais pessoas.