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Conversas sobre um projeto de fotografia

21 Jan, 202127 Out, 2021

 

Na nova rubrica semanal do MIRA | ON, apresentamos na plataforma Zoom um projeto de fotografia.

21 jan 2021| Pauliana Valente Pimentel
O primeiro projeto que apresentamos é da autoria de Pauliana Valente Pimentel que acaba de ser publicado na KioskZine, o número 1 do projeto editorial coordenado por Daniel Rodrigues, José Farinha e Paulo Pimenta
” Rub’Al Khali (Empty quarter)” é o título desta publicação e tem como tema o Dubai e Emirados Árabes Unidos. Teve como ponto de partida a criação de uma memória visual, registando situações do quotidiano, situando a imagem fotográfica entre o documental e a poesia, onde a deambulação resulta numa mistura ecléctica de indivíduos, paisagens e de interiores.”

27 jan 2021 | Adelino Marques
Este trabalho em forma de livro surgiu não como um objetivo definido mas antes decorreu de forma larvar e inconsciente no decurso do desenvolvimento de outros projetos. Foi o encontro com os versos de Alberto Caeiro que disseram o que me espantava e que ia registando metodicamente no meu caderno de apontamentos.
Este livro, é, assim, uma coletânea de espantos, entre tantos outros, que irrompem nas nossas vidas.
“A espantosa realidade das coisas
É a minha descoberta de todos os dias
Cada coisa é o que é
E é difícil explicar a alguém quanto isto me alegra
E quanto isso me basta – …” (Alberto Caeiro)

03 fev 2021 | Teresa Lamas Serra
“Pela EN2 – as pessoas e as árvores”
A Wikipedia diz: “A EN 2 ou N2 ou Estrada Nacional 2, é uma estrada que integra a rede nacional de estradas de Portugal. Atualmente, a N2 consiste de 5 troços separados entre si: Santa Marta de Penaguião–Peso da Régua, Góis –Portela do Vento, Sertã –Abrantes, Ervidel –Aljustrel e Castro Verde–Faro, num total de 738,5 km.”
A celebração dos 75 anos desta via trouxe uma visibilidade e curiosidade crescentes e são muitos os que participam em percursos explorando uma realidade do país menos conhecida.
Fazer a estrada era um projeto já há muito definido pela fotógrafa que selecionou dois objetivos para a sua objetiva: pessoas e árvores. Não se tratou de uma sessão sobre uma viagem, antes uma sessão sobre a fotografia como meio de viver e contar a viagem.

10 fev 2021 | Rui Apolinário
“Cinzento”
21.600 metros quadrados é a área equivalente a dois campos de futebol. Foi o que me confidenciou o Sr. Faria, cicerone dedicado, enquanto me ia mostrando um labirinto de linhas de produção imensas, repletas de poderosas e austeras máquinas, fornos com fumarolas, cadinhos vulcânicos que vazavam ferro rubro em pequenos moldes de areia: o coração da fundição ocupava dois campos de futebol.
Numa parede encardida, à altura de uns 4 metros, destacava-se, numa placa metálica, a palavra “CINZENTO”. Local de armazenamento de peças em ferro fundido cinzento, explicou o Sr. Faria. Há outros tipos de ferro fundido, – com outras cores, imaginei eu – mas este é cinzento por causa da grafite que o compõe, acrescentou.
Depois desse momento, voltei à Oliva – Indústrias Metalúrgicas S.A., inúmeras vezes. É como estar na igreja do Bonfim e lembrar-se de ir ao Mira. É perto e a descer. Mas só dezoito anos depois daquela primeira visita é que parei de novo diante da palavra metálica “cinzento”. Na verdade, a cor cinza (mais escura ou mais clara), foi a única que restou derramada pelos 21.600 metros quadrados. No chão, um pó macio que tudo cobre e que, quando pisado, fica a pairar no espaço num silêncio também ele cinzento.
Cor? Sim. Até para filósofos. Cor da pós-modernidade para Jean François-Lyotard. Cor dominante dos três documentos (Petit Journal, Inventaire e Album) que versam sobre a exposição intitulada “Les Immatériaux” / “Os Imateriais” que teve lugar no Centro Georges Pompidou em 1985 e da qual o filósofo francês foi autor e curador.
De certo modo, neste projecto fotográfico, também se pode falar de imaterialidade. A imaterialidade aqui assumida é resultado, não apenas da ausência do que é ou foi material, mas de um esvaziamento funcional que desviou o sentido ou o significado de um lugar. Talvez um não-lugar, correndo-se o risco de extremar o conceito formulado por Marc Augé. Ou nem sequer isso. Apenas um solilóquio na presença da luz que resta, do espaço e do tempo. (Rui Apolinário, janeiro 2021)

17 fev 2021 | Adélia Gonçalves
“Lugar Rio – Paisagem Polissémica”
A temporalidade sempre fez parte do trabalho artístico de Adélia Gonçalves, onde o interesse que tem vindo a desenvolver sobre a paisagem urbana, mais propriamente através da perceção do elemento água neste espaço, vai de encontro a este questionamento – como fragmento da realidade urbana, o fluxo aquático abre o seu próprio espaço e o seu próprio tempo na cidade, e inscreve nela a dialética entre o natural e o cultural. A visão do rio como espaço/tempo, independente da criação humana, questiona e acusa a cidade e a ordem social. Torna evidente os dilemas nos quais repousa a complexidade da nossa cultura, ao despertar uma consciência do que é simultaneamente simples, elementar e imenso. Ao mesmo tempo, afasta-se do significado bucólico e da negação da civilização técnica, porque também sempre fez parte da eterna relação de troca entre o ser humano e a natureza.
Através de suportes fotográficos e videográficos, faz recursos a imagens descontextualizadas que podem levar à perda de referência, jogando com a ambiguidade da perceção e a identificação imediata do fragmento apresentado, uma forma de explorar a passagem do tempo neste espaço onde se inscreve e convida à experiência preceptiva.
A partir de sequências fotográficas realizadas em cidades como Porto, Lisboa, Paris ou São Paulo, tem realizado uma produção serial que se orienta à ideia de imagem globalizante, composta por fragmentos consequentes de pequenos deslocamentos e mudanças de ponto de vista. Esta construção constituída por um conjunto de imagens de diversos percursos, aproxima-se da sua experiência da paisagem vivida, e por vezes, associa-se e confronta-se com outros pontos de vista e interpretações sobre uma mesma realidade

24 fev 2021 | Jorge Bacelar
“A fotografia do Jorge Bacelar”
O que distingue as fotografias de Jorge Bacelar não é o tema – as relações entre os humanos e a natureza no mundo rural – mas o modo como vive esse mundo que afeta literalmente o seu olhar. Veterinário na Murtosa, Aveiro não convoca a paisagem nas suas fotografias: estábulos, cozinhas, garagens e anexos das casas são os cenários onde exerce a sua profissão de cuidar e também a de fotografar pessoas e animais. São lugares domésticos, preservados de olhares de gente de fora, mas o Jorge é da casa, sabe-lhe os cantos, ouve as mágoas e as esperanças dos donos, entristece-se com as deceções, alegra-se com as conquistas, acompanha a calma dos pousios e o frenesim das colheitas. O seu tempo é o dos agricultores, o tempo das estações e da roda do sol; o outro tempo despe-o com o casaco que pousa num toro feito bengaleiro improvisado e ali se aquieta numa lógica de um mundo outro. Sofre com a perda de um animal, rejubila com a sua recuperação e festeja o nascimento das crias e, sinceramente, acha que cada um dos vindos ao mundo é dos mais bonitos e saudáveis que já viu. O Jorge não visita os agricultores, vive com eles, chama-lhes a “minha gente”, os “meus agricultores” porque são a sua família, as suas casas são parte da sua casa alargada geograficamente, mas com um só endereço: o do afeto, do respeito, da empatia, da compaixão.
Falar da técnica fotográfica do Jorge é um exercício tonto, querer saber como ele faz é uma pergunta sem sentido porque as suas imagens não se explicam por uma fórmula que equaciona o equilíbrio de brancos, a profundidade de campo, a abertura do diafragma… A fotografia do José é feita de tempo, de bem querer, de memória, de cumplicidade.
Intimidade será talvez a palavra mais acertada para dizer a sua fotografia.
(Manuela Matos Monteiro)

3 mar 2021 | Leonel de Castro
“Despojos de Guerra”
A mais longa ditadura do século XX, na Europa ocidental, desmoronou-se em África. Em três frentes de combate – Angola, Guiné-Bissau e Moçambique –, Portugal afundou-se numa guerra que tentava, em vão, manter a posse de um império colonial cuja legitimidade era negada por praticamente todo o mundo.
Com a democratização do país vieram o fim da Guerra Colonial e a descolonização, mas o conflito levou consigo os sonhos de gerações de jovens chamadas a combater, entre 1961 e 1975. Muitos soldados morreram, estima-se que perto de nove mil. Muitos mais sofreram na carne e na mente: 30 mil feridos, muitos deles com extrema gravidade, e 140 mil homens sofrendo distúrbios pós-traumáticos de stress. São estes, metaforicamente, os despojos de guerra que o país democrático pouco lembra. O passado vivo que alguns julgarão incómodo ou incompatível com o progresso.
Esta série de retratos faz parte de um trabalho com veteranos da Guerra Colonial, apoiado pela Associação dos Deficientes das Forças Armadas, portadores de deficiências profundas, mas é muito mais uma janela de esperança do que uma montra de horrores. A ideia é mostrá-los como são, lembrando os jovens que foram e percebendo como se reinventaram, para, apesar de todas as limitações, poderem viver em pleno. Trabalhando, constituindo família, contribuindo para a sociedade de que fazem parte.
Para este ensaio de fotografia documental foi escolhida a técnica do colódio húmido. A opção por um processo e por equipamentos ligados ao pioneirismo da fotografia impôs-se, na concepção do trabalho, como a forma perfeita de conferir às imagens humanidade, retirando-lhes toda a carga de voyeurismo e exposição gratuita que outras formas de registo poderiam implicar.

10 mar 2021 | Adriano Miranda e Paulo Pimenta“Emergência366”Miranda e Pimenta são fotojornalistas do jornal Público. “Emergência366” é um livro de dois fotojornalistas que nunca ficaram confinados em casa. Pelo dever de informar, realizaram inúmeras reportagens durante 1 ano de pandemia. Viram e fotografaram um país a várias velocidades consoante o evoluir da doença e das funções sociais, económicas e laborais da população portuguesa.Os autores têm consciência que no mundo digital muita informação visual se vai perder irremediavelmente. Sabem que o suporte físico, neste caso um livro, é o melhor garante para a preservação da memória. Foi essa a ideia primeira. Contribuir para que em casa, nas bibliotecas, nos locais de trabalho, haja um livro (como já há outros) que nos mostrem os tempos em que vivemos. Será importante para as gerações futuras.Os autores constataram o que é um país confinado por exemplo em teletrabalho e outro a ir para o seus locais de trabalho. Muitas pessoas continuaram a sair de casa, apanhar transportes públicos. Outros ficaram confinados às suas 4 paredes. Os mais velhos foram protegidos pelas instituições que os acolhem. O país não fechou. Continuou o seu ritmo, ou melhor, procurou manter o ritmo. Os autores sentiram de perto as emoções provocadas pela falta do contacto físico, do convívio, do direito a reunião, do direito à circulação. Sentiram de perto as linhas vermelhas e as primeiras linhas. A pressão nos hospitais, o sofrimento e a exaustão. A despedida.Emergência366 é um livro que nos ajuda a aprender. O que sabemos hoje por testemunhos escritos e visuais da Pneumónica no inicio do sec. XX, serviu para nos ajudar a resolver certas questões na pandemia actual por exemplo. Tudo o que fica é importante e é uma ferramenta poderosa para se analisar e estudar. Mal de nós se não tínhamos descoberto as pinturas rupestres. Ainda bem que o tempo as preservou.

Emergencia366 é um livro de autor, sem apoios nem fins lucrativos. São as pessoas que conhecem os autores e o seu trabalho desenvolvido ao longo de anos, que contribuem com a compra antecipada. Compram o livro “às cegas”, ou seja, sem o ver e poder avaliar. É um acto de coragem e confiança. E Adriano Miranda e Paulo Pimenta só têm que agradecer e estar à altura do compromisso. Sem o apoio das pessoas o livro não irá ver a luz do dia. Ficará na gaveta porque não há nenhuma instituição ou empresa que o apoie. Mas o ritmo de adesão tem sido elevado o que leva os autores a estarem confiantes que o objectivo vai ser alcançado muito em breve.

O prefácio será do poeta Jorge Velhote.
Para quem quiser contribuir basta enviar um email para emergencia366@gmail.com que os autores explicaram todo o procedimento.

17 mar 2021 | António Sá

“As fotografias de António Sá”

Nesta sessão, António Sá começa pelo fim: o último trabalho em que esteve envolvido e que terminou há poucas semanas; um projeto sobre um caminho de Santiago, descrito pela primeira vez no século XVIII e ainda pouco conhecido, com saída de Salamanca e atravessando a Beira Alta, antes de fletir para norte.
Depois, leva-nos ao seu terroir fotográfico: as paisagens e a natureza que estiveram na origem da paixão por esta arte e que o levaram a assentar no Parque Natural de Montesinho, onde hoje vive.
Seguem-se algumas imagens marcantes do seu percurso, de projetos, temas e locais tão díspares como estaleiros navais e as cavernas de Atapuerca ou os Sudoestes da China e dos Estados Unidos.
E terminamos com Trás-os-Montes, com fotografias da aldeia que o acolheu e da vista com que acorda diariamente. Um passeio pela diversidade do mundo, pela mão de quem tanto gosta de contar histórias.

24 mar 2021 | Lucília Monteiro

“Corpo e lugar”

“A realidade fotografada permanece no reino do ordinário. Já a representação fotográfica permanece fora do tempo e espaço – sendo extraordinária.”
André Bazin

Partindo da ideia central de André Bazin também os ciclos cronológicos do corpo são extraordinários, na medida em que ultrapassam o seu tempo e o seu espaço e obedecem a uma lógica de repetição que se comprova geracionalmente.
Tendo como base o arquivo fotográfico de José de Sousa Monteiro, um arquivo que consta de mais de 100 mil negativos, correspondendo ao período de 1955 a 1999, pretende-se questionar o estatuto de arquivo trazendo-o para o momento atual de criação.
O trabalho de José de Sousa Monteiro é extenso, mas a seleção aqui apresentada cingir-se-á às fotografias de estúdio, nas quais o corpo ganha relevância para além da classe social que tanto definia os papéis na comunidade – todos os fotografados eram considerados da mesma forma, no seu melhor traje, e o próprio fotógrafo tinha adereços e zona de retoques por onde qualquer pessoa passava antes do seu retrato.
Este trabalho consta de um conjunto de fotos que corresponde a várias etapas da vida: bebes, os rituais religiosos como comunhões e batizados, juventude, casamentos, famílias e a emigração simbolizada aqui pelos retratos de passaporte.
Também estas etapas da vida serão separadas por fotos dos negativos retocados a lápis, que me leva para o corpo e lugar. O corpo morreu, viva o corpo porque ele de facto está sempre a juntar-se às revoluções do seu lugar que é o lugar que ocupa no território do conhecimento. Há sempre um novo corpo sempre que surge um novo lugar.
E o ciclo repetir-se-á em novos corpos, até também estes serem arquivo e voltarem a ser reimaginados.

 

30 mar 2021 | Movimento de Expressão Fotográfica
“Este Espaço Que Habito”

No projeto Este Espaço Que Habito o Movimento de Expressão Fotográfica trabalha com jovens em cumprimento de medida tutelar de internamento (1) sendo realizado em 6 Centros Educativos do país: no Centro Educativo da Bela Vista e Navarro de Paiva ambos em Lisboa, no Centro Educativo Santo António no Porto, no Centro Educativo de Santa Clara em Vila do Conde, no Centro Educativo Padre António Oliveira em Caxias e no Centro Educativo dos Olivais em Coimbra, utilizando o recurso da fotografia estenopeica (pinhole) enquanto ferramenta técnica e de expressão pessoal. Para trabalhar o autoconhecimento e as competências sociais a partir da fotografia, os jovens participantes no projecto começam por construir as suas próprias câmaras escuras estenopeicas, escolhem os locais a fotografar a partir dos espaços onde o projeto está a ser desenvolvido, revelam, editam e finalmente refletem sobre o trabalho desenvolvido num caderno manufacturado.
Em 2020/21, o Movimento de Expressão Fotográfica realiza o projeto em parceria com a Direção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais – Ministério da Justiça e com o apoio financeiro do NOVO BANCO.
(1) A medida de internamento visa proporcionar ao jovem, por via do afastamento temporário do seu meio habitual e da utilização de programas e métodos pedagógicos, a interiorização de valores conformes ao direito e a aquisição de recursos que lhe permitam, no futuro, conduzir a sua vida de modo social e juridicamente responsável.

7 abr 2021 | Ana Abrão

“Outros Mundos”

Esta conversa sobre um projeto fotográfico tem por objeto o livro recentemente publicado “Outros Mundos – um ano, um mês e uma semana de aventuras e fotografias na Ásia” de Ana Abrão. O conteúdo do livro resulta de uma imersão na cultura asiática durante um ano, um mês e uma semana em que Ana Abrão deixou Portugal com um bilhete só de ida, sem roteiro definido, sem reservas efetuadas e sem data de retorno.
Através da apresentação de 110 fotografias e 11 crónicas, o livro aborda questões culturais não visíveis ao ocidental viajante, especialmente por retratar as tradições, como elas são, nos lugares mais remotos daquele continente. Mostra a diversidade cultural expressa no vestuário, nos costumes, na religião, na expressão corporal e na forma como se organizam socialmente.
Mais especificamente, a autora partilha costumes exóticos de mundos distantes e conta, em séries de imagens e textos, histórias sobre a sua convivência com Sadhus, sobre a sua experiência numa cerimónia hindu indiana e num ritual xamânico do Vietname e, ainda, sobre um surpreendente cortejo de Sadhus nus. Relata também a sua presença casual num ritual de circuncisão feminina e questiona a discriminação de crianças de uma etnia impedidas de frequentar a escola por falta de documento de identificação, entre outras histórias insólitas.
Ora como fotógrafa, ora como viajante, ora como observadora atenta das características culturais, a autora traz para o mundo de cá, alguns aspetos pouco conhecidos dos costumes de “outros mundos”.

14 abr 2021 | Filipe Carneiro
“A fotografia astronómica”

Quando Filipe Carneiro enviou a sua proposta para a exposição online de abril do ano passado, não tivemos dúvidas em nomear o trabalho “No cosmos: do micro ao macrocosmos”. As fotografias do seu lugar de trabalho – um hospital – combinavam-se com fotografias dos céus noturnos. E escrevemos então: “ficámos a saber que o cirurgião cardiotorácico e fotógrafo é, desde há muito, um astrónomo amador. Faz parte da Associação Portuguesa de Astrónomos Amadores (APAA) e dedica-se há algum tempo à fotografia astronómica. Falou-nos com entusiasmo – o mesmo quando nos fala das intervenções cirúrgicas – do espanto que a noite imensa lhe proporciona. A norte, as condições não são tão favoráveis como mais ao sul, no Alentejo mas isso não o impede passar noites entre folgas na Serra da Freita e no Monte de Santa Justa.
(…) Percebemos que o Filipe navega entre o microcosmo capilar e o macrocosmo sem limites, dois mundos que se compatibilizam e complementam ligados pela curiosidade e o deslumbramento pelas coisas da vida.”
Achamos que faz todo o sentido tê-lo no programa “Conversa sobre um projeto fotográfico” a contar-nos em direto a sua experiência.

21 abr 2021 | Hermano Noronha

“Pai Mar”

Hermano Noronha, enquanto fotógrafo da APCM – Associação Para as Ciências do Mar – entidade parceira do CONCHA (1), encontra-se a desenvolver um projeto fotográfico que visa documentar a identidade e memória de Cabo Verde, a partir do registo do seu património histórico nas ilhas de Santiago e São Vicente e da sua relação com o mar. Este é um projeto fotográfico que tem como objetivo atingir um público mais vasto que o científico, procurando contribuir para um diálogo multidisciplinar entre arte e ciência.

(1) integrando o Working Package 7 – Digital Humanities: Concepts Turned Into Visualizations, da Cátedra da UNESCO da FCSH.

28 abr 2021 | Augusto Lemos
“Vamos a la playa”

Na realidade não gosto de ir para a praia, mas gosto de passear pelas praias tanto de verão como de inverno.
“VAMOS A LA PLAYA”, o nome deste projeto fotográfico é também o nome de uma música dos Righeira, que foi um sucesso e que se ouvia em todas as praias no verão de 1983.
«VAMOS A LA PLAYA» conta 16 histórias de 16 praias, três em Portugal, cinco em Espanha, seis em França e duas em Itália.
Muitas destas praias são conhecidas por motivos que chegaram a fazer história. Às vezes conto histórias a partir de lendas, outras vezes histórias a partir de factos que aconteceram e outras vezes ficciono com base mais ou menos sólidas
«VAMOS A LA PLAYA” vai ser uma exposição com 16 fotografias, uma de cada praia, mas também sairá um livro. O livro conta por palavras uma história de cada praia e seguem-se oito fotografias que não têm nada a ver com o que está a ser contado, mas um olhar sobre o lugar e a memória.

5 maio 2021 | Isabel Nolasco

“Latitudes de Semelhança”

Isabel Nolasco, após 30 anos noutras funções, seguiu um sonho antigo: fotografar. Ganhou conhecimentos técnicos, juntou a fotografia e as viagens e especializou-se num registo documental e de street photography, com foco nas pessoas e nas suas diferentes culturas.
Desses registos nasceu, em 2020, o seu primeiro livro “Latitudes da Semelhança” (Poética Grupo Editorial), baseado no trabalho que desenvolveu no Médio Oriente em agosto e setembro de 2019. Percorreu Omã e o Irão no intuito de capturar as pessoas nos seus ambientes e culturas. Nesse projeto, pretendeu destacar as semelhanças mais do que as diferenças, mostrar as latitudes da semelhança, demonstrar que somos mais iguais que diferentes, desmistificando a vivência de culturas que ainda hoje são sujeitas a julgamentos e tantas vezes mal interpretadas. Para além das fotos, o livro conta com as palavras de 32 amigos escritores, cineastas, músicos, poetas, artistas plásticos, fotógrafos: Luís Filipe Sarmento, Alice Vieira, Luís Sepúlveda, José Eduardo Agualusa, José Luís Peixoto, Ana Margarida de Carvalho, Homem Cardoso, José Lorvão, Isabel Saldanha, João Gil, Ana Mesquita, Lauro António, Maria Eduarda Colares, Teresa Pizarro Beleza, entre outros.
As “Latitudes da Semelhança” constituem também uma exposição que esteve patente na Galeria Quinta dos Caniços (Tires), Fundação Portuguesa das Comunicações, (Lisboa) e Museu Municipal da Fotografia João Carpinteiro (Elvas).

Encontra-se em fase final de preparação o seu segundo livro, cujo lançamento acontecerá até final de junho de 2021, representativo do projeto fotográfico que desenvolveu nos 10 anos que viveu em Timor-Leste. Será uma edição bilingue, em Português e Tétum, a publicar pela Poética Grupo Editorial.

12 maio 2021 | Valter Vinagre

“Boca”

Pela boca entra o que nos é necessário e vital à nossa sobrevivência – ar e alimentos.

Pela boca também nos entra a morte – através de vírus, bactérias e venenos.

É pela boca que nos saem ordens de morte e palavras de vida.

É pela boca que nos saem as expressões de repulsa e, ou, de admiração.

É pela boca que nos saem os livros que lemos e que vemos.

A boca não só é um dos nossos “órgãos vitais” como é ,também, o lugar central da representação em palco e o “lugar” das imagens por mim pensadas e realizadas.

BOCA é o lugar central do meu trabalho a partir dos livros do Rui Nunes e do mundo que me/nos rodeia.

Valter Vinagre (Mucifal, Colares 22 de Abril de 2020)

19 maio 2021 | Flávio Andrade

O que exploro fotograficamente situa-se num processo de associações e metáforas, que nascem do questionamento do que é a realidade e do que somos. E, como tal não me interessa a clareza que o documento encerra, mas sim o resultado que ele me proporciona, transformando-o no “meu real”. Nestes últimos anos procuro temas ligados, ao pensamento, ao conhecimento do eu, e aos problemas da mente. As doenças, as patologias e o que lhes está associado, fascinam-me pelas vastas possibilidades de material com que posso trabalhar. A compreensão do ser humano enquanto indivíduo – a sua existência, são matéria de estudo constante. O meu trabalho está inteiramente ligado ao que sinto e penso, é interno, nalguns casos é visceral e cru. Este acto de desconstruir e reinventar não se encerra em mim, estende-se aos outros, e é esse o sentido – o outro, as pessoas. Estou neste processo, mais ou menos documental e próximo, em que a subjectividade e a contaminação da ficção estão presentes.

26 maio 2021 | Nelson Miranda

“A story here to stay”

“’A story here to stay’ é um projeto fotográfico e de investigação realizado em torno da Fundação Lar do Emigrante Português no Mundo, uma cidade-satélite projetada na década de 1980 numa área florestal no norte de Portugal. A instituição, visionada e parcialmente construída por um emigrante regressado da Venezuela, pretendia receber outros que, como ele, voltavam ao país. Porém, devido à megalomania da iniciativa privada o empreendimento falhou.

O complexo arquitetónico encontra-se abandonado e existem vestígios do habitual vandalismo, mas também de ocupação por grupos de extrema direita. O livro reúne fotografias captadas ao longo dos últimos anos, documentos encontrados no local e ‘still frames’ do documentário “Casa Portuguesa, Casa Estrangeirada: O Sonho do Emigrante” (RTP1, 1988).
O diálogo iconográfico que se desenvolve pretende espoletar uma reflexão em torno da permeabilidade do conceito de Utopia e encerra uma ironia que parece ilustrar exemplarmente o escalar das crises sociais enfrentadas em numerosos países e que perigam, em particular, a integridade da União Europeia e dos seus pressupostos.

2 junho 2021 | António Bracons

“Sobre o Silêncio” e “Fascínio da Fotografia”

Um livro: “Sobre o Silêncio”, edição de autor, 2020. “O silêncio é um vínculo que une”, diz José Tolentino Mendonça. Este livro retrata o silêncio, procura criar o silêncio. Inclui dois ensaios (em livreto separado): “Algumas reflexões sobre o Silêncio” e “O silêncio da fotografia”.
A fotografia é para mim algo muito importante, maravilhoso, fascinante. A imagem. A densidade única dos sais de prata. O papel impresso. A imagem no ecrã. O fragmento, limitado, do quotidiano, de um momento especial, único. Pessoas, paisagem, o detalhe, a construção.
Para mostrar a minha fotografia, criei em 2014 um blogue, o “Fascínio da Fotografia”. Depressa partilhei sobre fotógrafos e exposições. E livros de fotografia, outra paixão. E mostro o trabalho de autores, através de portefólios. E a agenda da fotografia. Em Portugal e feita por Portugueses. Hoje, tem quase 1200 publicações, mais de 160 seguidores e soma mais de 230.000 visualizações.

16 Junho 2021 | Carlos Lopes Franco

“Olhar na alma” é o projeto que apresento nesta conversa. Esta livro é o resultado fotográfico sobre a minha visão e sensibilidade, que expressa a minha interpretação do quotidiano das pessoas do mundo rural, suas vivências e singularidades. Retratando-se variadas situações do quotidiano de um Portugal profundo, telúrico, consegue-se transmitir fielmente um quadro de humanidade que contrasta com a impessoalidade das frenéticas dinâmicas das grandes urbes.

A proximidade e intimidade que se revela em cada um dos retratados é uma das imagens de marca e fio condutor do trabalho apresentado em “olhar na alma”. (Carlos Lopes Franco)

Este livro é uma edição de autor que data de 2015 (336 páginas | cerca de 300 fotografias)

30 Junho 2021 | Carlos Júlio

OSSO é editado por Carlos Júlio e Luís Lucas Pereira.
Foi lançado online a 10 de abril e em papel a 29 de maio de 2021.
Não tem linha editorial, não tem livro de estilo, não tem público-alvo, não é temático, didático, instrutivo ou digestivo. É o prazer simples de publicar, nada mais.

OSSO mantém rubricas regulares
entrevistas e reportagens (Caixa Alta, por Andreia M. Silva), preceitos para o aprumo do lar (Casa & Jardim, por M. Silveira Fernandes), diálogos e devaneios pueris (Pais e Mães para Filhas e Filhos, pelo Dr. Pichón R.), escritos e ensaios visuais (O Desplante, por Frederico Martinho), lucubrações de repente refreadas (A Canforeira de Bencanta, por Luís Januário), imagens historiográficas (Notas do Arquivo, por Francisco Feio), ações ilustradas (Três Tempos, por Ostraliana) e dicas para bem viver (Corpo, Beleza e Saúde, por Rita Serra) – e conta com colaborações extra-ordinárias (Madalena de Castro Campos/Osso Quatro e Osso Cinco, Luís Lucas Pereira/Osso Cinco, Helder Moura Pereira/Osso Seis, Susana Araújo/Osso Sete).

07 de Julho 2021 | Jorge Pedra

O cozinheiro da Fotografia

Gosto do mix-media. Fascina-me. Assim, o que caracteriza muitos dos meus projetos é o desinteresse do registo, em si; o propósito da descrição (direta) ou documental de cenas, objetos ou indivíduos. Assim, ficam excluídos os retratos, as paisagens, a street photography, as narrativas pessoais ou de conteúdo político.
O mix media vai contra a premissa do Modernismo na Fotografia: cada técnica terá a sua técnica intrínseca, de qualidade independente. Para a Fotografia, a sua poética própria: as impressões em negros absolutos e francos puros, com todas as tonalidades de cinzentos.
No entanto, hoje, em retrospetiva, torna-se evidente que nunca as assim chamadas “artes plásticas” viveram longe da fotografia.
Tudo é uma criativa indisciplina, ao arrepio de Ansel Adams ou Edward Weston. Mas com o sorriso de Andy Warhol e o aplauso de tantos outros.

14 de Julho 2021 | Elisa Azevedo

Rivva é um trabalho colaborativo entre Elisa Azevedo e Rivva.
O trabalho vive da sua crescente intimidade. Juntas, criam imagens — sendo Rivva o sujeito perante a câmara e Elisa por detrás. Assim, procuram diluir as estruturas de poder em fotografar e ser-se fotografado; também no ato de olhar e na representação. Ainda que exista um momento de enquadrar e compor a fotografia, a imagem é concebida mutuamente e nasce dos momentos passados juntas; a premissa é estar juntas, ambas com a mesma agência, num patamar comum. O trabalho lida com estas problemáticas assim como com temas como o género, a identidade, e a temporalidade.

28 de Julho 2021 | Lara Jacinto

Blur* procura apreender e comunicar a complexidade da vida quotidiana nos países em redor do Adriático — uma região que ao longo da história tem passado por profundas alterações, com um passado de beligerância que engloba as guerras mundiais do século XX e a última guerra a ter lugar na Europa. Blur procura mostrar de que forma as constantes alterações de fronteiras as tornam difusas, como são definidas politicamente, mas nem sempre são reais. Aos olhos daqueles que não pertencem à região e são alheios a esse forte sentido de alteridade que a história recente revelou nela, é possível ver, em ambos os lados da fronteira, as semelhanças herdas pelas travessias ao longo dos anos, a miscelânea de destinos de cada povo daquele território – as diferenças são superficiais e artificiais. Blur aborda esta identidade partilhada inconscientemente (pelo menos no que toca aos hábitos culturais), a confusão entre fronteiras políticas e semelhanças entre povos, assim como a dificuldade em estabelecer uma identidade que não seja comum a todos. Blur também aborda a incerteza do futuro — entre a tentação de criar fronteiras mais rigorosas, a resistência à diferença, o ênfase dado àquilo que separa os povos e tudo o que contraria o ideal europeu de unidade, agora perdido. *Blur é um termo adotado do livro Design and Crime (2002), de Hal Foster, que o utiliza para se referir à diluição dos limites — de disciplinas e de correntes — como uma das características fundamentais do início do século XXI. Este projecto foi desenvolvido no âmbito do projecto The Thin Line do COLETIVO

1 de Setembro 2021 | Sérgio Rolando

Ao longo do Vale do Varosa, os diversos tipos de habitação refletem uma implantação secular e sedimentação social. A transformação do território é lenta, marcada quer por uma cristalização da arquitetura vernacular, quer pela alteração gerada pela vida contemporânea, resultando numa grande diversidade de edifícios, tradições e métodos construtivos.
Estas características contribuem para que o conjunto de fotografias remetam para um encontro entre o espaço público e o privado, onde a paisagem e a topografia sublinham um sentimento identitário enraizado e característico da região.
São fotografias de paisagem, que resultam de uma relação individual com o assunto, combinando objetividade com visão pessoal – documento e discurso. Real, imaginária, simbólica, experiencial e mnemónica, sugerem uma realidade sobre a qual se construiu uma representação. Pretende-se que interroguem e comuniquem acerca do meio ambiente, convidando os espectadores a considerar, reafirmar ou questionar, o sentido e a natureza do lugar.
Geográfica, autobiográfica, metafórica ou sociológica, em conjunto ou isolada, a paisagem refere-se a uma prática quotidiana. Ao invocar memórias, as fotografias atuam como substitutos da experiência, contribuindo para a formação de um sentimento de identidade individual e coletiva.
(Sérgio Rolando).
Este projeto concretiza-se numa exposição que integra o Ciclo de Fotografia de Lamego e Vale do Varosa com a curadoria de Manuela Matos Monteiro e João Lafuente.
A exposição pode ser visitada até 31 de outubro na Torre da Ucanha

8 de Setembro 2021 | Júlio de Matos

“Casas de Brasileiro: um registo de afetos”
de Júlio Matos

O meu primeiro contacto com Casas de Brasileiro, e a primeira casa que fotografei neste projeto foi O Palacete da D. Chica, fica perto da minha terra natal, Braga. Era opinião na época de ser de um gosto duvidoso novo-rico. Eu povoava-o com cavaleiros e personagens míticas.
Este projeto fotográfico levantou-me alguns problemas conceptuais. Será a Arquitetura fotografável? Ou apenas documentável, ou apropriável pela fotografia? A fotografia de arquitetura, subordina o objeto arquitetónico a uma imagem. Quando um fotógrafo impõe a sua visão/compreensão a um objeto arquitetónico, apropria-se dele.
A Arquitetura não é fotografável! A emoção do espaço provocada pela relação espaço-tempo materializada em múltiplos, infinitos percursos, não existe fora desse espaço. O percurso arquitetónico é a forma de compreender a Arquitetura. A visualização da ausência é uma forma de sobrevivência: imaginamos o que a fotografia não consegue mostrar. A Fotografia e a Arquitetura partilham diversas intenções, plano, volumes, distâncias, e antes de tudo a Luz. A Luz é a matéria em movimento, é o tempo. Fotografar é segmentar o tempo na superfície do registo. Nessa impossibilidade de registar a essência, resta-nos um retrato que alia a forma á expressividade. O conhecimento e os sentires: a fotografia é antes de tudo um olhar.
A cor neste corpo de imagens, intui uma evocação, em tons de um pretérito. País imaginário e ficcional, evocando os trópicos. A erosão ou a boa conservação das casas reforça essa impressão. A ficção é apenas a síntese e o sentido que agora lhe damos. A Casa de Brasileiro é antes de tudo uma lição de afetos.(Júlio de Matos)

Exposição patente no Museu de Lamego, integrada da segunda edição do Ciclo de Fotografia de Lamego e Vale do Varosa 2021.

15 de setembro 2021 | Inês D’Orey

“Casas sem gente” de Inês d’Orey
“Casas sem gente” reúne um conjunto de imagens de espaços vazios que Inês d’Orey registou ao longo de mais de uma década. A ideia de uma narrativa incerta, de uma dicotomia entre a sugestão e a ficção, de uma realidade encenada, são alguns dos aspectos continuamente presentes no trabalho fotográfico de Inês d’Orey e que aqui podemos descobrir.
Exposição/projeção patente no Museu de Lamego, integrada na segunda edição do Ciclo de Fotografia de Lamego e Vale do Varosa 2021.

 

22 de setembro 2021 | Lucília Monteiro

“A Casa sou eu”
de Lucília Monteiro
Logo na manhã da vida, dos primeiros riscos de uma mão hesitante, nasce uma casa. A identificação com a casa há-de acompanhar cada passo dado na longa estrada da existência.
A casa é o ninho aconchegante, o refúgio que transmite segurança, o lugar onde a família ganha novos elementos e onde os amigos são bem-vindos.
Mesmo que haja mudanças de sítio, ou que a casa se renove com obras, poeiras, cheiros de tintas novas, a ideia da casa mantém-se estável.
Afinal, cada tijolo, trave-mestra, esquina, degrau ou objeto guardado, são apenas elementos físicos. Porque a minha casa sou eu com as muitas vivências, que aguardam um lugar onde ganhar raízes como a erva que brota daquele rasgo na parede.
– Ivo Caldeira
Exposição vídeo patente no Museu de Lamego, integrada na segunda edição do Ciclo de Fotografia de Lamego e Vale do Varosa 2021.
29 de setembro 2021 | Paulo Pimenta
“Gente sem casa” de Paulo Pimenta
Quando falamos de casa, não falamos só de teto, paredes, abrigo. Aos sem-abrigo falta muito mais porque a casa é muito mais: é aconchego, amparo, colo, intimidade, família…
Paulo Pimenta conhece bem a realidade dos sem casa que pernoitam em portais de prédios e lojas, em vãos de escadas, por baixo de pontes e viadutos, em casas em ruínas, nos bancos de jardins, nos passeios das ruas. O negro duro, denso e sombrio das suas fotografias, retrata mais do que os ambientes físicos dos sem abrigo: conta vidas duras, densas, sombrias, desesperançadas de futuro. Estas imagens trazem-nos o frio, a humidade, o desamparo de corpos sob cobertores. Marginalizados, menorizados, excluídos, muitos destes cidadãos invisíveis vivem a impossibilidade de se reinventarem, de restaurar a sua própria humanidade.
Fotografias sem luz testemunham vidas sós na cidade onde já nem há pirilampos para enfeitar a noite. E nem a lua chega para dar uma réstia de luz a estas vidas sem vida.
– Manuela Matos Monteiro
Exposição/projeção patente no Museu de Lamego, integrada na segunda edição do Ciclo de Fotografia de Lamego e Vale do Varosa 2021.
6 de outubro de 2021 | Alfredo Cunha
“A Casa na obra de Alfredo Cunha”
Desafiámos o Alfredo Cunha para propor um trabalho sobre a casa para integrar o Ciclo de Fotografia de Lamego e Vale do Varosa 2021. A resposta imediata foi “Não tenho! Fotografo pessoas, fotografo a vida vivida, fotografo gente.” Recordamos-lhe que as pessoas acontecem nas casas plantadas em lugares onde predomina a natureza e também em lugares urbanos onde domina o construído. Ele entusiasmou-se com o desafio e enviou-nos centenas de fotografias com gente nas ruas com casas, em frente a casas, dentro de casas, em escombros de casas destruídas pela guerra ou por catástrofes naturais.
Foi a partir das suas imagens com origem em várias latitudes que discorremos sobre o que significa a casa para os seres humanos que habitam o planeta: casa-cubata, casa-barco, casa-térrea, casa-barraca, casa-grande-pequena, casa-pobre, casa-rica, casa-tenda para quem não tem casa e perdeu o país … Percebemos que a casa é antes de mais um abrigo, um resguardo que assume formas tão diversas porque se contam em tempos diferentes, respondem a necessidades diferentes, refletem estatutos sociais distintos e são manifestos de formas diferentes de viver a vida. E a morte, na última morada, na última casa.
O trabalho de Alfredo Cunha constitui assim uma prova de humanidade das casas.
Curadoria: Manuela Matos Monteiro | João Lafuente
Exposição e vídeo patente no Museu de Lamego, integrada na segunda edição do Ciclo de Fotografia de Lamego e Vale do Varosa 2021. Até 31 de outubro.
13 de outubro de 2021 | Eduardo Perez Sanchez
Na segunda sessão de “Conversa sobre um percurso fotográfico” Eduardo Perez Sanchez vai apresentar o seu livro recentemente publicado:
“Trás-os-Montes – Fotografias
Uma Visão a Preto e Branco sobre as Gentes e o seu Viver na Década de 1980”
Todas as fotografias foram captadas em Trás-os-Montes, sendo que, a maioria delas, retratam o Concelho de Valpaços. Foram fotografadas, entre outras, as seguintes aldeias: Agordela, Calvo, Sá, Santa Valha, Vilarandelo.
Na impossibilidade de identificar o local exato de todas as fotografias agora incluídas, optamos por não legendá-las.
Ainda assim, podemos informar que a maioria delas foram registadas em Agordela e Santa Valha.
Fotografias captadas ao longo da década de 1980.
15 de outubro de 2021 | Cadernos do Património_RIBACVDANA
A colecção “Cadernos do Património” editada pela RIBACVDANA, associação cultural, pretende promover e dar a conhecer ao grande público o património cultural de assinalável valor histórico, arquitectónico, arqueológico e artístico dos Vales do Côa e Águeda e da Raia, numa perspectiva de divulgação, juntando ensaios que contribuam para a valorização desse território de valor único.
No conceito dos Cadernos de Património a fotografia desempenha um papel relevante e autónomo.
O Caderno de Património nº1 foi organizado a partir de um encontro que a RIBACVDANA organizou no Bizarril, Castelo de Monforte, Terra do Ribacoa, enquadrado no Dia Europeu da Cooperação e nas Jornadas Europeias do Património, nos dias 25 e 26 de Setembro de 2020. O ensaio fotográfico “Fotografar a Lenda”, inspirado nas lendas da Capela de Nossa Senhora de Monforte junta imagens de:
Adelino Marques | António J. Gonçalves | António Martins Teixeira | Augusto Lemos | Conceição Magalhães | Filipe Carneiro | Jorge Pedra | Jorge Velhote | Renato Roque | Rui Campos | Sofia Aroso
27 de outubro de 2021 | Rui Oliveira
Brexit “Se não chegar a Inglaterra vou morrer a tentar”
“Retrospectiva de uma Pandemia”
Brexit “Se não chegar a Inglaterra vou morrer a tentar”
Desde que a França fechou os campos de imigrantes em Calais e Dunkirk, que o porto Belga de Zeebrugge se tornou um novo alvo para aqueles que tentam cruzar o Canal da Mancha sem documentos. A Grã-Bretanha pode ter deixado a União Europeia, mas para milhares de migrantes a ilha ainda é sinónimo de El Dorado. Os britânicos não possuem cartões de identidade, o que facilita a entrada dos migrantes no mercado de trabalho. Por esse motivo, centenas vão a Zeebrugge para tentar a sorte. Ocupam casas abandonadas, desviam eletricidade para carregar os telefones, movem-se como gatos, fugindo à polícia, tentam entrar em camiões e chegar a Inglaterra. Mesmo que morram a tentar. E essa é precisamente a história de Rachid, Said e Mustafa.
“Retrospectiva de uma Pandemia”
Para a maioria das pessoas, o novo coronavirus era um pequeno susto do outro lado do mundo. um ano depois, avida mudou. Todos foram afectados, quer pela própria doença, por terem perdido os seus entes queridos ou os seus trabalhos, ou por estarem confinados em casa, vendo-se obrigados a habituarem-se a uma nova forma de trabalhar, descontrair ou interagir. Entretanto hospitais colapsaram, surgiram estruturas para separar e proteger pessoas, O uso de máscara para combater a difusão do vírus tornou-se um ritual, desinfeções com fatos que fazem lembrar filmes de ficção cientifica, escolas com controle pandémico, desigualdades sociais acentuaram-se, cidades vazias e uma vacina criada em tempo recorde.

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