com Acúrcio Moniz, Adelino Marques, Ana Osorio, Antonieta Monteiro, António Gonçalves, Beatriz Salvador, Celso Rocha, Cláudia Fernandes, Dânia Marques, David Martins, Filipe Carneiro, Isabel Cruz, José Manuel Esteves, José Vaz Silva, Lara Plácido, Luísa Rodrigues, Luís Rodrigues, Manuela Silva, Manuela Matos Monteiro, Manuela Vaz, Rui Apolinário, Salomé Carvalho, Sérgio Pereira e Vasco Vitória. (IN-VA-SÕES)
Inesperadamente, no Porto ainda há fábricas
Longe estão os tempos em que a Cidade do Porto, e seus arredores, eram um importante pólo de actividade industrial. Centenas das grandes indústrias produziam os seus produtos comerciais, gerando um pujante tecido económico e social burguês, uma vasta cidade industrial, e um importante universo de trabalho operário, hoje desmantelados. Na sua condição contemporânea, as estruturas físicas e humanas da cidade industrial estão abaladas, desmanteladas as primeiras, fragilizadas as segundas, todas elas expectantes e aguardando outros futuros além da degradação, oxidação e dos saques. Também longe estão os tempos em que a invasão de espaços industriais se reservava àqueles que buscavam o cenário para pequenos actos menos lícitos, ou a expressões artísticas subversivas, hoje legitimadas nos centros das cidades.
As invasões fotográficas desenvolvidas ao longo de dois nos pelo grupo in.va.sões, iniciado nas redes sociais por Sérgio Pereira, são exercícios de olhar fotográfico individual sobre estes lugares mas, sobretudo, são exercícios de percurso caminhado e de encontro com espaços industriais que se existem para além dos seus recintos murados. Em 2015, o grupo In.va.sões revela já quase duas dezenas de complexos industriais na zona do Porto em estado de profundo de abandono, uma potente amostra destes antigos geradores de desenvolvimento.
A segunda exposição do Grupo, que inaugura a 21 de Março no Mira Fórum, reúne imagens de dezenas de fotógrafos com backgrounds diversos – profissionais, amadores, acidentais, curiosos, iniciados – que são expostos como registos de exploradores que, mês após mês visitam, registam e, sobretudo, revelam e trazem à superfície estes complexos cada vez mais destruídos, em desaparição. No conjunto de complexos industriais expostos difere o caso da “invasão” à Cooperativa dos Pedreiros, em Outubro de 2014, onde o grupo de setenta e cinco fotógrafos invasores foi acolhido para conhecer o complexo parcialmente desactivado e a exposição Technical Unconscious, dedicada aos temas da pós-industrialidade. A apresentação de imagens impressas seleccionadas das diversas invasões, a par da projecção de imagens captadas na Cooperativa dos Pedreiros são a referência a duas diferentes abordagens aos espaços pós-industriais que, aqui, ensaiam diálogos: a invasão como exercício de cidadania e a criação artística / reflexão académica ansiando, em conjunto, por novos futuros.
Inês Moreira, 2015
Curadoria: Inês Moreira