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“Elas” Exposição coletiva de fotografia

3 Jul, 202130 Jul, 2021

 

“Elas” exposição coletiva:
Ana Alvarenga, Andreia Cardoso, Bárbara Pouzada, Panfi Goes, Teresa Nunes
Curadoria: José Bacelar
Passando a porta, cruzamo-nos em 2017.
Elas são artistas, trabalham com fotografia e refletem parte das práticas fotográficas contemporâneas. Da memória/arquivo, à criação de imagens tácteis, passando pelo documental, tudo está aqui presente.
À pergunta “Que imagens guardaria da minha vida em qualquer circunstância, mesmo que deixasse de ver?” é ao que Ana Alvarenga tenta responder com Intocáveis. É, pois, de identidade que este projecto trata, numa perspectiva muito íntima, constante e que se pretende perpétua. As imagens têm a força e o significado do que é “intocável” e são, por isso, a síntese do fundamento da personalidade da autora.
Sendo um tema essencialmente pessoal, ele não deixa de ser, também, transversal porque a identidade a todos importa. Os trajectos representados nas 6 fotografias terão cruzamentos com os caminhos da generalidade das pessoas. E se esses trajectos podem, em cada um, ser contados por imagens diferentes das que encontramos em Intocáveis, a verdade é que este trabalho poderá sempre repetir nos outros a pergunta que lhe está subjacente: “Que imagens guardaria se deixasse de ver?”
E o que é singular em Intocáveis é que a autora, certa de que as imagens, mais do que vistas, podem ser percepcionadas, pensou-as para lá do visual, estimulando uma outra modalidade sensorial, o tacto. Assim, Intocáveis apresenta litofanias (impressões 3D) e fotografias lado a lado, revelando gradualmente todas as dimensões do trabalho. É a uma experiência de descoberta, passo a passo, num ritmo pausado, que Ana Alvarenga apela: em primeiro lugar descobrindo as litofanias como objecto para ser sentido pelo tacto, depois voltando-as contra a luz para que seja revelado subtilmente o assunto, e só depois o encontro com as 6 fotografias como o culminar de uma expressão plena. E já perante as fotografias voltar ao início, pois elas são a génese de todo o processo, já que foram pensadas especificamente para poderem ser sentidas nestas múltiplas dimensões.
Panfi Goes leva-nos numa visita guiada pelo mundo do subsolo, convidando-nos a percepcionar a escuridão, o silêncio e o engenho de que se faz a construção de uma conduta de água.
Em Deus quer, o Homem sonha e a Obra nasce pretende-se mostrar uma área inacessível da construção civil à generalidade das pessoas, revelando a rudeza e o rigor exigido e homenageando a astúcia e a valentia dos trabalhadores que são e fazem parte da obra. Sem a intenção de retratar as pessoas, Panfi Goes apresenta um trabalho que fala de pessoas, porque a grandiosidade da obra que as fotografias realçam só é possível pelo trabalho daqueles que nela arriscam a vida.
Ao fotografar grandes estruturas industriais e de comunicação, Panfi Goes apresenta-nos um trabalho na penumbra e que se revela de luz, pela capacidade de o Homem se superar através da Obra.
Penumbra é o nome do projeto apresentado por Andreia Cardoso. Este explora um conjunto de fotografias que remontam ao final do século XIX e início do século XX. Aqui recuperam-se fotografias abandonadas numa loja de antiguidades e, através de manipulações realizadas manualmente, criam-se novas narrativas. Este é o resultado de uma reflexão pessoal da autora sobre a fragilidade do objecto fotográfico enquanto elemento representativo da nossa história de vida.
Tendo como base de trabalho a apropriação, a autora realiza uma série de manipulações manuais, fazendo uso de flores e areia, que enfatizam o estado de meia luz em que as fotografias se encontram. Assim este trabalho questiona aquilo que é visível e invisível ao nosso olhar e memória.
Num estilo documental contemporâneo Bárbara Pouzada apresenta-nos a vivência de cinco venezuelanos que assistiram com angústia aos dias sombrios que se abateram sobre o seu país. Em cinco retratos apresenta-nos cinco histórias que, no fundo, encerram os medos e as angústias de toda uma população. Numa tradição recente, pretende através do retrato individual traçar um sentimento colectivo, em algo idêntico ao que Paolo Pelegrin fez, quando nos traduziu a dor sentida por milhões de católicos aquando da morte de João Paulo II, através de doze retratos. A dor individual representava a dor colectiva.
Na tradição do documentalismo fotográfico, Teresa Nunes apresenta-nos um projecto cheio de comprometimento e sentimento. Uma visão sobre um problema contemporâneo, os cuidadores informais. Numa linha que faz lembrar foto-ensaios de Eugene Smith ou Chris Steele-Perkins.
Teresa vira-se para a sua própria família. Fotografa a Mãe que cuida do Avô. O seu trabalho foca-se em apenas um cuidador, permitindo assim um maior aprofundamento do tema e das rotinas do mesmo, lembrando o trabalho “The Sandwich Generation” de Ed Kashi, mas com um olhar diferente, o dela.
Passando a porta verão expostos cinco projectos de elevado valor imagético que recriam parte das práticas fotográficas contemporâneas.
José Bacelar

Rua de Miraflor, 155,
4300-334 Campanhã, Porto

terça a sábado,
15:00 às 19:00


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