Na sexta-feira, 1 fevereiro 2019 pelas 21h30, esgotámos bancos e cadeiras porque o MIRA FORUM encheu-se de gente para a apresentação do último livro de Jorge Velhote. As saraivadas, chuvadas e ventanias trazidas pela Helena não desmobilizaram quem gosta de poesia. Foi um belo serão com Amadeu Baptista e Maria Bochicchio que apresentou a obra. Isaque Ferreira e Rui Spranger deram-nos a ouvir poemas do livro. A noite acabou em beleza com a participação musical do contrabaixista Slavomir Marzec. Até a saraivada que atormentou o telhado soube a melodia!
SOBRE O AUTOR:
JORGE VELHOTE começou sem pezinhos de lã, a enfrentar uns tantos “Atritos de gotas”(1982). De veredas árduas e outras asperezas menos visíveis são sempre os primórdios e as primícias do caminho daquele que o trilha com uma seriedade sem vacilações.
Atento ao que não se passava, viu que era preciso encontrar “Os sinais próximos da certeza” (1983), e teve então a certeza: ser poeta é não pensar nisso.
Andou e desandou, e notou que “Os mapas sem fronteiras sufocam os lugares”(2004), e não quis isso. Quis, antes, fazer essa “Máquina de relâmpagos” (2005) com que nos vem arrepiando “Pele” (2010) e emoção, no tão peculiar modo como lê e olha as coisas e os seres. Sobretudo aquilo que ninguém mais parece ver.
A luz que o deslumbra e obceca é a “Luz plural” (2015). Com ela, tem abraçado as “Coisas mínimas e outras coisas” (2017).
Resultado: quase como quem não dá por isso, Jorge Velhote tem vindo a oferecer-nos “O invisível interminável” (2018), em que o poeta insiste e prossegue.
É isso, essa quietude instantânea da intensidade, que nele fascina, e com ela nos surpreende repetidamente. A cada livro, a cada poema, a cada verso, a cada palavra… A cada ponderado silêncio.
E, para que tudo fosse ao núcleo extremo da cintilação e às regiões matinais ou crepusculares da sombra, Jorge Velhote — como todos os poetas de grande palavra — não enjeitou ir ao “Âmago” (2019) da vida, do amor e da morte. E regressou com estas novas de tais paragens.
Ei-lo, pois, nessa grandeza límpida, que é só sua. E nós, porventura, quedados ainda nas ínfimas primícias dos ‘atritos d[as] gotas’ …
É melhor apressarmo-nos.
E ler Jorge Velhote.
Do Autor:
Atrito de Gotas (em colaboração), 1982
Os Sinais Próximos da Certeza, 1983
Hermeneutical Studies, 1985
Os Mapas Sem Fronteiras Sufocam Os Lugares, 2004
Máquina de Relâmpagos, 2005
Pele, 2010
Narrativa da Foz Do Douro, 2013
Luz Plural (em colaboração), 2015
Coisas Mínimas & Outras Coisas (fotografia), 2017
O Invisível Interminável, 2018
JORGE VELHOTE, Porto, Maio 1954.
Crê que ao olhar se devolve o trânsito da imaginação, restos e fragmentos da natureza, a proximidade dos espelhos, onde se despenha a solidão e se crava o fulgurante punhal da memória. Cada poema, cada fotografia, actualiza e deslumbra os vestígios urdidos no cenário, faz comparecer o mundo e amplifica os sinais mais nocturnos. Nesse tumulto perpassa a clausura da claridade ou das sombras, o ímpeto da água e do lume, a transformação dos segredos e dos enigmas. O que para além das palavras brilha e declina e emerge pela essência da luz.
E por aí em outras línguas, variando lugares incertos ou vestígios como escadas para o abismo do negrume e liturgias que adensam nas dunas a oficina dos eclipses.
[da badana do livro]
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