Espaço Mira
Mira Forum
Carregar Eventos
  • Este evento já decorreu.

Porto na MIRA

7 Dez, 201311 Jan, 2014

Acúrcio Moniz | Adelino Marques | Adelaide Araújo | Ana Pinto | Antonieta Monteiro | António Amen | António Gonçalves | António Moreira | Celso Rocha | Cláudia Fernandes | David Pinho | Estevão Lafuente | Fernando Cruz | Filipe Carneiro | Filipe Silva | Gabriela Gonçalves | Gil Maia | Hélder António | Jaime Silva | José Paulo Andrade | Lu Sequeira | Luísa Rodrigues | Maria Ribeiro | Manuela Matos Monteiro | Maurício Soares | Patrícia Vieira Campos | Pedro Ferreira | Salomé Carvalho | Sérgio Anunciação | Sérgio Pereira | Vítor Costa | Vítor Rocha.

Exposição coletiva de fotografia de 32 fotógrafos.

 

Entre o real e o sonho,
O sonho do real (…)
Albano Martins (As Escarpas do Dia)

Dizia Saint-Exupéry que o essencial era invisível para os olhos e explicava não ser possível ver bem a não ser com o coração. Reiterando a minha devoção ao autor do “Petit Prince” que, com essa admirável “Terra dos Homens”, ajudou a preencher o espaço dos sonhos que sublima a nossa juventude, não estou completamente de acordo com ele quanto ao sentido daqueles conceitos. Porque, simplesmente, existe o Porto e as suas imagens. E ver o Porto é, sem dúvida, um exercício de afectos e nostalgias, ainda que desencontrados da realidade (a que, não raro, nem se ajustam nem correspondem, o que até levaria alguém a afirmar: «Eu gosto do Porto mesmo quando poluído»). Um exercício de paixão e celebração. De gosto inocente ou de gesto amoroso. Um exercício de apropriação e êxtase. Ver o Porto é, se quisermos adaptar a palavra à descoberta, a epifania do olhar. Todavia, para além, do território do coração onde tais magias acontecem, ver o Porto é, também, um acto de assumida indagação. Um exercício de perscrutar e procurar – ou submeter – os segredos da cidade ao instrumento de análise e captação do real dantes chamado câmara fotográfica e agora designado pelos seus múltiplos artefactos de aprisionamento de que o tablet e os smartphones são símbolos. Ver o Porto é, assim, uma inquirição no tempo e no espaço da história da sua gente. Uma espécie de verdade revelada pela razão e pelo entendimento, em muitos aspectos quase laboratorial da representação do ambiente urbano nos seus múltiplos pormenores. Seja como for, à boa maneira portuense, conservadora e iconoclasta, tradicional e vanguardista, contraditória e sedimentada no habitual dos dias, esta exposição é o retrato amável e admirável da cidade eterna (conforme a compreendiam e nomeavam os românticos) e, no mesmo instante, descontínua e desconcertante. Uma cidade tanto de imagens persistentes conformes às dos bilhetes-postais, como de imagens inesperadas, insólitas, indesvendáveis. Uma cidade de imagens clássicas, mil vezes repetidas mas sempre diferentes no milímetro a mais, na maior exposição à luz, na melhor definição dos claros-escuros, na marca indeclinável de identidade. Nesta exposição – construída de razão e sentimento e, por isso, de razão e emoção – mostra-se o Porto por inteiro. Nas suas grandezas e nas suas ruínas, nos contornos de uma civilização técnica que, para nosso mal, a indústria não chegou a afirmar e nos agires de uma humanidade ao nível do rés-do-chão, vivendo, sofrendo e usufruindo a cidade. Um Porto por inteiro: poético e prosaico, sublime e terra-a-terra, misterioso nos seus subentendidos e explícito nos sinais das suas evidências. Um Porto autêntico. De memórias (ainda) não corrompidas pela pressa do descartável. De variáveis intemporais (ainda) não subvertidas pelas arremetidas do relativismo. Um Porto (ao meu) ao nosso gosto. Entre o real e o sonho…

Helder Pacheco (Porto, 7 dezembro 2013)

Patente de 7 Dezembro 2013 – 11 de Janeiro 2014

Tertúlia “O significado da exposição” por Hélder Pacheco 7 Dezembro 2013

 


Rua de Miraflor, 155,
4300-334 Campanhã, Porto

terça a sábado,
15:00 às 19:00


miraforum@miragalerias.net
929 113 431 / 929 145 191