Curadoria: Eglantina Monteiro em diálogo com Nuno Faria
Bárbara Moreira, Eglantina Monteiro, Francisco Palma-Dias, Inhabitants, Jorge Graça, João Lavinha, Júlia Seixas, Luís Ribeiro, Manuel Santos Maia, Marta Alvim, Miguel Cheta, Nuno Faria, Pedro Neves Marques e Vasco Célio
“O que significa habitar a Terra? Que mundo é este? O que fazemos aqui?” Até há pouco tempo, eram perguntas filosóficas, sem relação com os nossos quotidianos, impondo-se apenas nos intervalos dramáticos da vida. Mas agora, parece que fomos todos tomados pela urgência de conhecermos o lugar que habitamos. Os requisitos da nossa condição atmosférica ganharam presença no quotidiano. Diariamente, os meios de comunicação noticiam mais um recorde: o verão mais quente, o ano mais seco, as maiores cheias. As ameaças que globalmente enfrentamos têm implicações ao nível do pensamento e das atitudes. Ao alterar indelevelmente o clima, este mudou o modo de o Homem habitar a Terra. Esta exposição parte das reflexões de Orlando Ribeiro sobre o pomar de sequeiro no barrocal e beira-serra algarvios – manifestação de uma alteração profunda do território produzida pela acção humana, para repensarmos as noções de Humanidade e Natureza, quando já sabemos que as mudanças que agora ocorrem não são meros acontecimentos locais, mas que se trata de uma transformação global do sistema Terra, que perdeu a passividade e a previsibilidade de outros tempos, quando a tecnologia tinha o poder irrevogável de absorver o mundo. Nela estabelecemos conexões de interesses entre artistas, cientistas ou poetas, reiterando as implicações das diferentes estruturas do conhecimento sobre as transformações globais do planeta e uma outra percepção da estética que, muito antes de ser uma disciplina filosófica, significava “ser sensível” ao Mundo, não apenas como um domínio mas também como conceito.